sexta-feira, 11 de agosto de 2006




Dá-se o caso de ter ligações profissionais a uma organização polaca, pelo que travei conhecimento há cerca de 4 anos com um grupo de polacos ligados a essa organização. Pessoas formais mas simpáticas, destoam do resto do grupo por estarem sempre vestidos de forma mais formal que toda a gente – diga-se que o grupo de trabalho além de polacos e portugueses tem espanhóis, belgas, holandeses, alemães e uma grega – são sempre muito formais nos cumprimentos e nas conversas. Numa primeira análise dir-se-ia que são algo contraídos. Na verdade, são pessoas muito próximas e preocupadas, tentando sempre agradar e ajudar sinceramente.

Receberam-nos nesta última visita – feita apenas por um grupo de portugueses – de forma exemplar. Diria mesmo até familiar. Tivemos no entanto uma surpresa algo intrigante. Quando mostrámos interesse em nos deslocarmos a Oswieçim, mostraram-se muito surpreendidos, dizendo que somos os primeiros convidados estrangeiros deles que haviam comentado tal interesse. Inquiriram-nos de imediato qual a motivação com um ar bastante consternado. Ao dizermos que considerávamos obrigatória aquela visita, por acreditarmos ter-se tratado do maior crime cometido contra a humanidade, aliviaram o semblante dizendo apenas que é uma visita para se fazer uma vez na vida. Ficámos ainda mais curiosos e perguntámos se já haviam lá estado, ao que nos responderam que a escola primária havia organizado visitas aos campos de concentração, tendo todos ido lá desta forma. Quando perguntámos se haviam lá voltado, apenas um referiu ter ido segunda vez, justificando que havia lá levado o filho por este não ter tido a oportunidade de ir antes, uma vez que supostamente as escolas já não organizam visitas como faziam no seu tempo. Trataram-nos de todos os detalhes, como horários, preços de bilhetes, trajectos, tempos de percurso, etc.

Percebemos então que afinal até estavam satisfeitos por querermos ir a Oswieçim, pese embora a reacção de desconfiança e incómodo inicial. Com o seu apoio conseguimos fazer um trajecto de cerca de 5 horas para cada lado num só dia, acordando às 3:30h da manhã e voltando às 02:00h do dia seguinte. Mas sem dúvida que valeu a pena o esforço.

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