terça-feira, 11 de dezembro de 2007

O Natal entre a Alegria de Comprar e o Dever de Reciclar


Ao chegar mais uma época natalícia, e sem entrar em detalhes sobre os hábitos de cada pessoa nesta altura do ano, penso que é aceite por todos que a maioria dos portugueses ocupa uma boa parte dos seus tempos livres mais próximos, à procura da prenda ideal para cada um dos seus entes queridos. O fenómeno que até alguns neo-liberais descrevem como ímpeto consumista desenfreado, não tem infelizmente só consequências financeiras desastrosas nos orçamentos familiares. A verdade é que há uma tradição enraizada de comprar prendas para oferecer quase a toda a gente - seja para o “colega surpresa” sorteado para o típico jantar de natal da empresa, seja para o filhote pequeno do primo que mora na terra dos avós, e que é levada pela sogra – a lista é quase sempre maior de ano para ano, e sempre muito maior do que a vontade de gastar dinheiro a comprá-la. Mas com maior ou menor esforço, a verdade é que a maior parte das pessoas acaba por comprar um sem número de presentes, alguns muito úteis para quem recebe, outros só mesmo úteis (e mesmo assim…?) para quem oferece. Ora se todos conhecemos bem esta realidade, a verdade é que por detrás deste fenómeno está uma outra realidade bem menos simpática e interessante, que a organização da nossa sociedade se encarregou de nos tirar da frente dos olhos. Uma produção de resíduos em quantidades assustadoras, que é encaminhada pelos sistemas de recolha para aterro – à qual é impossível o sistema de recolha selectiva dar resposta atempada e adequada. E como diz o ditado “longe da vista, longe do coração…” Mas não pode ser assim! Simplesmente porque estamos a falar de um problema que inevitavelmente nos trará os custos e os problemas, associados a este comportamento de avestruz – enfiar a cabeça na areia, ou neste caso, o lixo no contentor. Desde papel de embrulho em quantidades que dariam para “embrulhar Portugal”, até fitas de laço com uma extensão maior do que o caminho marítimo para a Índia, todo um monte de desperdícios, com uma efémera finalidade, acabam por afinal permanecer nas nossas vidas muito mais tempo do que aquele que nos serviram e com custos muito superiores à sua utilidade. E com certeza que esta é uma ideia que já passou pela cabeça de todas as pessoas pelo menos uma vez, senão mesmo muitas vezes até. Eu acredito que é preciso conhecer os problemas para poder trabalhar na sua resolução, e não acredito em soluções radicais, mas sim na construção sólida e consequente de soluções, através de pequenos e seguros passos. Por isso, digo que se conseguirmos que cada um de nós individualmente se motive para usar menos algum do papel de embrulho, ou se for criativo e usar folhas de jornal usado e fio de sisal ou de juta como laço, para o fazer, estamos já a dar um pequeno contributo, que somado, dará certamente um resultado positivo. Mas há mais – pense nas prendas que vai oferecer: dê prioridade a produtos duráveis e reparáveis; escolha produtos educativos, que estimulem a inteligência e a criatividade, em especial se se tratar dos mais jovens; evite produtos com excesso de embalagem e não leve para casa embalagens que não necessita – a reciclagem pelos vendedores está facilitada; escolha produtos úteis, daqueles que sabe que não vão ser escondidos no sótão. Enfim, seja solidário e pense um pouco em si e no ambiente que o rodeia. Agradeça a si próprio e motive-se por ter um natal mais ecológico. Feliz Natal!