segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

(A)Ponte na sua Agenda!


Se há datas que não nos saem da cabeça, outras temos por vezes muita dificuldade em decorar – acho que isto acontece a toda a gente. Cada um escolhe a sua estratégia para não se esquecer das coisas importantes. Uns andam com calendários de bolso, outros apontam no frigorífico, outros usam as novas tecnologias e aderem ao famoso lembrete no telemóvel, mas a verdade é que não há quase ninguém que consiga ter sempre presente tudo aquilo de que se quer recordar. No entanto, e no meio desses acontecimentos todos, há uns que são impossíveis de esquecer – e em especial se não aconteceram ainda – provocando uma ansiedade que aumenta à medida que a data se aproxima. Esta introdução parece um pouco estranha e até confesso que pode levar a pensar – “Mas que raio é que isto importa?” Pois é! Importa e muito! Garanto-vos que, com o tempo, todos nós vamos ver a ansiedade aumentar até à data em que a Ponte Chelas - Barreiro seja efectivamente uma realidade. E o que é mais curioso é que essa ansiedade vai ter razões tão diferentes, que algumas delas nem vamos conseguir imaginar.

Mas para aquelas que conseguimos imaginar, vamos lá aqui tentar fazer um exercício. Já imaginaram poder apanhar o comboio e estar no Parque das Nações em 20 minutos? Ou já imaginaram que o Jardim Zoológico fica mais perto que chegar ao Castelo de Palmela? Ou que podemos ir depois de jantar ao Teatro ao D. Maria e voltar a casa a uma hora que nos deixa ir trabalhar sem olheiras no dia seguinte? E já imaginaram que o Museu Industrial da CUF pode ser visitado pelos residentes de Lisboa, tal como vão ao CCB ver a exposição da Colecção Berardo? Ou que as mesmas pessoas podem meter a Bicicleta no comboio e vir dar uma volta à Mata da Machada e voltar a tempo do almoço? Pois é! Dá para imaginar um monte de coisas que a tal ligação nas duas direcções pode permitir fazer. Mas se nos esforçarmos um bocadinho, também dá para imaginar outras coisas. Coisas não muito agradáveis e que para alguns são verdadeiros “Sonhos de uma noite de Verão”. Já imaginaram todos os nossos espaços livres completamente urbanizados e cheios de casas para pôr a morar pessoas que só cá vêm dormir? E já imaginaram se os preços das casas que tanto se fala irem ser construídas com vista para o Rio, forem de tal forma altos que não conseguimos fazer outra coisa senão assistir à sua venda? Enfim, temos uns anos para dar asas à imaginação, ao mesmo tempo que podemos ir estando atentos ao que acontece na realidade.

E por falar em realidade, se o estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) veio trazer aquilo que se espera ser uma nova realidade para o Barreiro, ele é já por si só uma realidade. E esta realidade não diz só que deve haver ponte para o Barreiro no modo rodo-ferroviário. Uma leitura mais atenta à parte que alguns consideram mais “chata” mas também mais detalhada, mostra também por exemplo, que o trajecto de comboio entre o novo aeroporto e Lisboa, por razões de diminuição do tempo de trajecto deve ter apenas 1 paragem entre o aeroporto e a Margem Norte e essa paragem deve ser, não no Barreiro como a maior parte das pessoas esperaria, mas sim no Pinhal Novo, “Recomenda-se um serviço semi-expresso, que efectue a ligação Sete Rios – Entrecampos – Roma/Areeiro – Pinhal Novo – Aeroporto.” In Estudo para a Análise Técnica Comparada das Alternativas de Localização do Novo Aeroporto de Lisboana Zona da Ota e na Zona do Campo de Tiro de Alcochete – LNEC, 2007. Não sendo esta uma ideia muito clara para mim, quanto à sua justiça, ela só me ajuda a pensar que, quer por uma ou outra razão, uma coisa é certa, aponte na sua agenda que a ponte ainda vai dar muito que falar.