sábado, 27 de setembro de 2008

Uma Nova Classe Criativa Deve Vingar - A Responsabilidade Social do Barreiro também é nossa!

Será que haverá muitas terras como o Barreiro, que são adoptadas por pessoas com tanto valor como o Kira e que não conseguem adoptar essas pessoas? O Dr. José Pedro da Costa dizia: "Se eu fosse o Vitorino Nemésio, toda a gente me daria valor, assim como sou o José Pedro da Costa, do Barreiro..." Este sentimento de que ninguém é defendido pelo Barreiro será possível de explicar? Não sei! Mas que será certamente necessário inverter, disso não tenho dúvidas. Será que o Barreiro não tem capacidade de criar e amar os seus filhos? E será que não tem capacidade de adoptar aqueles que decidiram adoptar esta terra como mãe? Falta ao Barreiro uma classe de mecenas, que desinteressadamente partilhem um pouco do que é seu em prol de um bem comum. Seja tempo, dinheiro, influência, ou qualquer outra coisa que ajude a construir algo comum.
Não consigo deixar de pensar que numa terra onde tanto se viveu o associativismo, e de alguma forma ainda se vive, não sejamos capazes de criar uma corrente cultural forte e acolhedora para os nossos artistas. Não consigo perceber como não somos capazes de envolver as grandes e as pequenas empresas, não só de agora, para que assumam a sua responsabilidade social e com esse contributo estimulem o aparecimento de uma classe cultural que acolha os artistas do Barreiro - Todos! Uma das ideias que o Prof. António Câmara mais vezes repetiu, sobre o futuro do Barreiro, foi a oportunidade de criar condições para a fixação de uma classe criativa no Barreiro, que pudesse acolher jovens artistas e que desse apoio à sua afirmação global. E que pudesse naturalmente capitalizar o património cultural do Barreiro.
Falta desenvolver no Barreiro uma parte decisiva de uma estrutura social sustentável – o exercício sistemático da responsabilidade social empresarial, conhecido desde a idade média como mecenato. É preciso envolver as empresas na vida cultural da cidade de forma activa, permanente e consequente. Isso será determinante para que a classe de artistas do Barreiro possa ser acarinhada. Isso será determinante para podermos aspirar a ser competitivos como destino de novos artistas e vir a ter uma classe criativa forte e valiosa no futuro, que possa valorizar o património cultural que o Barreiro possui, legado pelo Kira, pelo Augusto Cabrita, pelo Manuel Cabanas e por tantos outros. Temos de deixar de estar sentados à espera que os poderes públicos assumam uma responsabilidade, que muitas vezes nem percebem que também é sua. Se formos capazes de criar um movimento social que lance este projecto, teremos dado o primeiro passo de um caminho que não é fácil nem curto, mas que é de certeza muito proveitoso.

Nuno Banza