terça-feira, 27 de novembro de 2007

Cooperação Europeia – a chave para o desenvolvimento.


Quando ouvimos falar de cooperação europeia, somos muitas vezes tentados a pensar em reuniões com pessoas de outros países da Europa, das quais muitas vezes pouco se sabe ou até poucos resultados têm, pensamos nós. Mas para podermos ter a verdadeira noção da importância que tem a nossa relação com outros países, precisamos de pensar um pouco antes, num conjunto de conceitos pouco comuns. Temos então de começar por considerar que os elementos reais são contínuos e só fazem sentido quando enquadrados num contexto ou seja, a noção de vizinhança é impossível de desligar de qualquer elemento, seja ele o que nós quisermos considerar – um território, um povo ou uma cultura. É, por exemplo, impossível contar a história de Portugal sem falar na história da nossa vizinha Espanha. Por outro lado, a interacção dos elementos com a sua vizinhança não conduz à perda de identidade, mas antes ao reforço das suas características próprias. Assim, a multi-culturalidade e a diversidade funcional são construídas num processo de troca de informação e conhecimento. Cada elemento desta interacção é responsável pela partilha dos seus conhecimentos e dos seus legados, numa óptica de interacção aberta e fluida. As características diferenciadoras dos espaços e dos actores são assim o seu capital de troca e de investimento. Porém, este investimento deve sempre ser norteado por um critério de equidade entre o investimento e o retorno gerado. Cada elemento deve e pode ter as legítimas expectativas de ver recompensado o seu esforço, ao mesmo tempo que contribui para a construção de um património comum aos diferentes elementos que se relacionam entre si. Ao mesmo tempo que se recompensam os investimentos individuais, é fundamental potenciar as capacidades intrínsecas através da interacção e da conjugação de pontos comuns. Há aqui porém uma responsabilidade solidária dos mais fortes para com os mais fracos, numa óptica de construção de um bem-estar comum – é este o sentido do conceito subjacente à União Europeia. Todo este trabalho deve por isso ter como elemento de base, a regra inviolável de respeitar as diferenças e manter a identidade, valorizando o património histórico, cultural e social de cada povo, cultura ou lugar.
Tendo então uma Europa funcional e em permanente comunicação – o suporte determinante do processo de cooperação – o resultado deste processo de partilha é um somatório de conhecimento científico disponível para o objectivo inicial – permitir o desenvolvimento. Esta é a experiencia dos quatro anos de trabalho com pessoas de Espanha, Polónia, Holanda e Bélgica. Trazer para o Barreiro o conhecimento das mais recentes investigações na área da participação pública, ao mesmo tempo que é possível experimentar técnicas de visualização de elementos territoriais inovadoras, não só começa um novo caminho no que toca ao envolvimento dos cidadãos, como abre a porta para uma prática de cooperação europeia mais consequente. Tendo a melhoria contínua como objectivo comum, cada um dos países pôde beneficiar desta relação, em que o Barreiro partilhou a experiência de envolvimento directo das pessoas num projecto experimental, e com isso deu a conhecer os pontos fortes e fracos do trabalho comum.
A sequência lógica de um bom resultado é apostar numa estratégia de continuidade. Só faz sentido pensar numa Europa coesa e justa se atendermos às suas diferenças e eliminarmos as suas disfunções. É isso que corporiza a aposta num trabalho conjunto na área da Energia com a criação de uma agência, recorrendo ao apoio da União Europeia. Todo este esforço é para as pessoas e para o território onde vivem. É esse o compromisso do trabalho conjunto, entre todos os países da Europa e dos seus povos. É por isso a cooperação, a chave para o desenvolvimento, não apenas como um conceito intermédio para outros objectivos, mas sim para um desenvolvimento como fim último da sua existência.