sábado, 14 de julho de 2007

A ponte para o Barreiro não é como o Aeroporto para a Ota – não é uma birra, é uma necessidade!


Aqui há uns dias, na Inauguração da exposição sobre os vazios urbanos organizada pela Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitectos, na Cordoaria Nacional, tive a improvável oportunidade de trocar algumas palavras com o Primeiro-Ministro José Sócrates. No contexto da informação que o Barreiro disponibilizou para a exposição, e à boleia de uma observação muito pertinente de uma colega que me acompanhava, sobre a recente polémica de mais uma ponte para o Montijo como alternativa à Ponte Chelas - Barreiro, o Primeiro-Ministro, muito seriamente, respondeu-nos que a Ponte para o Barreiro era uma decisão deste governo e que essa decisão era irreversível – estava tomada e o governo não ia voltar atrás. Eu devo dizer que a primeira ideia que me assolou o espírito foi a de algum conforto. Não vou aqui repetir os argumentos que me fazem defender a opção rodo-ferroviária para a ponte Chelas – Barreiro, mas digo apenas que pelo menos metade das minhas expectativas – ou talvez um bocadinho mais de metade – podiam ser satisfeitas. Mas à medida que o tempo foi passando, e agora pensando mais friamente nesta questão, começo outra vez a ficar um bocado mais preocupado. Depois de ouvir o Sr. Prof. José Manuel Viegas – uma pessoa por quem tenho um grande respeito intelectual – pronunciar-se favoravelmente na Assembleia da República à construção de mais uma ponte para o Montijo, em detrimento da ponte Chelas – Barreiro, não consegui mais ficar descansado. É que aquilo que mais me preocupa é que se comece outra vez a bater no Governo – e eu até sou insuspeito para o defender – da mesma forma que se fez no caso da decisão do novo aeroporto. Não que eu até não concorde que foram merecidas, mais pelas razões técnicas que fundamentaram as críticas do que propriamente as razões políticas – que naturalmente também as há – mas vamos por partes. Como eu gosto sempre de dizer nestes casos “A prima do mestre de obra” e “A obra prima do mestre” têm as mesmas palavras, mas só isso, porque têm de facto significados completamente diferentes. Se havia razões técnicas que fundamentaram o coro de críticas que soou afinado contra o governo, pelo facto de haver também já uma decisão tomada relativamente ao novo aeroporto, não estamos na mesma situação quando falamos da nova ponte Chelas – Barreiro. Há, de facto, diversas razões que justificam o interesse nacional desta obra – e eu devo reforçar que penso que é por isso que o Governo decidiu por esta opção – o que não deve servir para alimentar mais uma guerra política, por muito tentador e até útil que isso seja para a oposição.
Assuma-se que a decisão da ponte é baseada num conjunto de argumentos técnicos que a suportam, discuta-se seriamente a opção rodoviária para a Ponte, e demonstre-se qual é a melhor estratégia para Portugal nesta matéria, mas por favor, em nome da seriedade e do interesse público, não se entre em mais uma guerra de birras só porque foi este governo que decidiu, porque a Ponte Chelas – Barreiro faz falta.